sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Inclusão: indústria investe em sonhos

Por: Daniele Maciel

A séria de reportagem mostra a indústria como fonte de inclusão social. Em reportagem especial, as histórias de superações de Pessoas com Deficiência junto à cooperação da indústria, por meio do seu núcleo de capacitação, Senai, mostra a importância da inclusão na sociedade.   Outro exemplo é o deficiente visual, Mellyng Quemel, que após um curso de informática para cegos, do  SENAI  aprendeu a viver a partir dos outros sentidos.
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O mercado de trabalho é fundamental para inclusão de Pessoas com Deficiência (PcD), não apenas para elas, mas também para empresas, instituições e sociedade no geral. A inclusão de profissionais no ambiente de trabalho cria oportunidades das empresas criarem novos negócios e possibilita mudança de vida para as PcD's. 

O compromisso de capacitar pessoas para o mercado de trabalho, por acreditar no potencial de cada um é realizado há seis décadas. É através do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que homens e mulheres, sendo eles pessoas com deficiências (PCD’s) ou não, encontram a possibilidade de ser protagonista da sua história, por meio dos mais de 240 cursos de formação profissional oferecidos pela entidade.
 Fonte: SENAI

A procura pelos cursos aumenta a cada ano. Em 2015, o número de pessoas que se declaram com deficiência correspondeu a mais de 500 inscritos. Quantitativo cresce desde 2009, com a implantação do programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI)  no Pará.  Ao longo desses oitos anos cerca de 2.600 pessoas com deficiência intelectual, visual, auditiva, física e múltipla, realizaram alguma capacitação profissional. O programa foi criando para estimular as pessoas com deficiência, contribuindo para que as empresas possam cumprir as cotas estabelecidas na Lei Federal nº 8.213/91, chamadas “Lei de Cotas”, que determina a contratação de funcionários e aprendizes com deficiência.



A aceitação dos cursos se dá pela parceria com todas as entidades que trabalham com pessoas com deficiência firmada pelo SENAI chamado de Grupo de Apoio Local. Entre os parceiros estão a Fundação Pestalozzi, Abrigo Especial Calabriano e COEES. Os cursos de Informática para Cegos e o de Panificação, estão entre os mais procurados. Segundo a gestora de Responsabilidade Socioambiental, Flora Barbosa, não há impedimento para realização da capacitação. Cada um deve avaliar o seu potencial. “Só as pessoas com deficiência vão saber o potencial delas, o que ela pode ou não pode fazer. Não somos nós que vamos julgar isso. A gente só dá a abertura e facilita o acesso, em todas as questões: metodológica, didática do material adequado, as próprias máquinas e equipamentos, se for o caso a gente faz adequações”, disse.







Superação é a palavra de ordem na vida das pessoas com deficiência. Superam limites e preconceitos. Após participar do curso de Informática para cegos Melhym Quemel, deu um novo rumo a sua vida. A transformação teve início após o curso de informática iniciado em 2013, de lá pra cá muita coisa mudou, e para melhor. Para Flora Barbosa, superar é uma busca incessante das pessoas com deficiência. “As pessoas com deficiência têm essa necessidade de superar, de mostrar o tempo todo, seja pra conseguir um bom emprego, um bom cargo, uma boa posição. Elas têm que estar provando o tempo todo que podem. Já tem o hábito de superar”, destacou. Com alegria pontuou ainda a capacidade que eles têm de estimular os demais colegas de turma ditos normais. 



Para informar as empresas da quantidade de pessoas capacitadas e que podem ser absorvidas pelo mercado de trabalho, o SENAI desenvolveu um projeto que oferece consultorias para as empresas. A consultoria é uma via de mão dupla, cuja finalidade é atender tanto as empresas que necessitam de profissionais, quanto o direcionamento do profissional para o mercado de trabalho. O serviço prestado facilita o entendimento das empresas ao admitir um funcionário, uma vez que muitas têm receio de comprometer o próprio funcionário recém-admitido.


Com a realização dos cursos o empreendedor que estava adormecido desperta e vira a página para começar uma nova história de vida. É assim que se sentem as pessoas que são capacitadas pela entidade, com o desejo de montar o seu próprio negócio, por exemplo, uma  panificadora. Sonhos que devem ser transformado em realidade por centenas de Joãos, de Marias, de Victores, de Raimundas, e tantos outros. De acordo com a gestora, todos independente da condição profissional podem apostar no ser empreendedor. “O empreendedorismo é a bola de vez. Todos nós temos que ser”, destacou Flora Barbosa.



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Paraense com Síndrome Down é destaque nacional

Por: Michele Lobo
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O paraense Victor Almeida epresentou o Senai do Pará, na Olimpíada do Conhecimento, em Brasília, nos dias 10 a 13 de novembro. O evento é a maior competição de educação profissional das Américas ficando em terceiro lugar. O jovem concorreu na categoria Panificação para Pessoas com Deficiência (PcD). 
Victor se preparou de segunda a sexta para a Olimpíada do Conhecimento, com a turma do Curso de Panificação - Senai - Cedam

Victor Almeida, jovem de 23 anos, é um exemplo de como a capacitação para o mercado de trabalho pode contribuir para o desenvolvimento de uma PcD. O jovem é um idealista. Desde cedo aprendeu a superar suas limitações e a se dedicar em tudo que faz. Seis horas da manhã, o aluno sonhador, já está acordado e pronto para mais um aprendizado. Ele vai de segunda à sexta ao curso de Panificação e Confeitaria, do SENAI.

Sorridente e brincalhão, o estudante cumprimenta todos quando chega. Seu sonho é montar uma padaria e está se qualificando para isto. Victor fala para todos que está fazendo o curso e já  faz o convite para comprarem o  pão na sua futura padaria, que será chamada "Pão do Victor".

Há um ano, Victor entrou no curso de panificação e confeitaria do SENAI, em uma turma com dez alunos com Síndrome Down. Chegando todo o dia meia hora mais cedo, ele chamou atenção do seu professor pela dedicação e força de vontade, além de seu carisma. Pelo potencial do aluno, o curso de mais ou menos três meses foi prorrogado, assim o SENAI decidiu investir em seu talento. Hoje, Victor faz seu treinamento em outra turma.


A Interlocutora Regional do PSAI (Programa SENAI de Ações Inclusivas), Flora Barbosa, relata que o SENAI é uma empresa privada que está para servir a Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) e ajudar no progresso do estado. “Independentemente da deficiência, nós capacitamos pessoas para o mercado de trabalho”, relatou.

                                           

O jovem abraçou a oportunidade, destacou - se e em novembro de 2016 representou o Pará nas Olimpíada do Conhecimento, evento patrocinado pela indústria brasileira, que reúne estudantes de cursos técnicos e de formação profissional do SENAI e dos institutos federais de educação profissional, científica e tecnológica (IF).

O aluno sabe do grande desafio  que tará que enfrentar, assim todos os dias vem intensificando seu treinamento, para fazer o seu melhor na competição e deixar sua marca. Na etapa final de trenamento, além do treinar no SENAI, ele também pratica tudo na sua casa,  com auxílio de sua mãe.

Victor Almeida representará o Pará na Olimpíada do
Conhecimento
"Eu gosto muito daqui do SENAI, o professor Otaviano é muito legal. Ele é brincalhão e gente boa e está me ajudando muito junto com meus pais".

Em seu dia a dia, Victor está sempre de bem com a vida, não percebe os preconceitos em sua volta. Já sofreu Bullying, já foi rejeitado, mas sempre tirou de letra. 

Ainda pequeno, Victor já se destacava na escola para pessoas com deficiência, sua mãe tentou colocar em uma escola com outros alunos, na época o diretor disse que a escola não estava preparada para alunos especiais. A partir de então, eram apenas os dois lutando e superando os obstáculos. 

Apesar de todas as dificuldades de inclusão, o jovem sempre se destacou. Com o desempenho de sua mãe que o ensinou a ler e escrever, o aluno a cada dia demonstra interesse em aprender cada vez mais.

Victor procura sempre estar ativo, já fez curso de teatro, violão. Já participou de peças teatrais e é empenhado em tudo que faz. Pretende morar sozinho e cada vez mais quer conquistar sua independência. Idealista, Victor sempre diz às pessoas que quer ser alguém na vida e se esforça para isso. Para ele, a Olimpíada do Conhecimento é apenas uma etapa de muitas vitórias que ainda estão por vir.



PCD's chegam ao mercado e ganham dignidade

Por: Tábita Oliveira
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Para quem não tem um familiar que apresente algum tipo de deficiência, talvez seja difícil acompanhar o quanto e como é desenvolvido o trabalho de inclusão a essas pessoas ao mercado de trabalho. 

Vale ressaltar que a realidade de hoje é uma consequência da Lei nº 8.213, de julho de 1991, também conhecida como Lei de Cotas, que prevê o preenchimento de 2% a 5% das vagas do quadro de funcionários com reabilitados ou com deficiência. A Lei na verdade surgiu para conscientizar empresários de que a pessoa com deficiência também tem condições de desenvolver um bom trabalho e garantir que a mesma seja cumprida.


No Pará, o grande responsável pela inclusão dessas pessoas com deficiência ao mercado de trabalho é o SINE - Sistema Nacional de Emprego, programa do Governo Federal, coordenado pelo Ministério do Trabalho e Previdência - MTPS em parceria com a Seaster, para intermediar a mão de obra, orientar e sensibilizar empresas envolvidas sobre a Lei de Cotas. No Estado, existem 46 postos do SINE e 1 posto direcionado ao atendimento a pessoa com deficiência, que está integrado ao espaço físico do CIIC - Centro Integrado de Inclusão e Cidadania, localizado em Belém.

O atendimento do SINE é realizado por meio do Portal Mais Emprego, do Ministério do Trabalho e Previdência Social. As empresas que sinalizam vaga para as PCD's fazem um cadastro no SINE para indicar o perfil que procura, em seguida, o SINE lança no Portal e os candidatos cadastrados que estão dentro deste perfil recebem uma carta de encaminhamento para entrevista, onde deverão também levar seus documentos como currículo, laudo médio, carteira de trabalho, RG, CPF e comprovante de residência. 

Para cada vaga disponível no sistema, são indicados três candidatos pelo Sine. Há empresas que além da entrevista, ainda fazem uma avaliação prática. Após a contratação, a empresa retorna ao SINE com a carta de encaminhamento do candidato para finalizar a contratação do mesmo. 

Em 2015, foram inseridas 452 pessoas no mercado de trabalho. E de janeiro a agosto de 2016 o Sine recebeu 2.990 pessoas atendendo em diversos serviços de orientação e encaminhamento para o mercado de trabalho, ao qual 184 foram inseridos e 108 novos cadastros no portal Mais Emprego. Mesmo o país passando por uma crise econômica, o SINE está sempre recebendo solicitação das empresas para encaminhamento de candidatos.



O promotor de justiça, Waldir Macieira, da promotoria dos Direitos do Idoso e da Pessoa com Deficiência, do Ministério Público do Pará, explicou que o responsável pela fiscalização para que as leis de inclusão sejam cumpridas é o Ministério Público do Trabalho juntamente com a Delegacia Regional do Trabalho. O Ministério Público do estado tem o papel de fiscalizar o entorno da indústria, como calçadas e transporte, verificando a acessibilidade.


Para Waldir Macieira, a oportunidade no mercado de trabalho da pessoa com deficiência é fundamental. "Você tendo trabalho, você vai ter dinheiro, economia, você vai ter dignidade e respeito da sociedade por estar desenvolvendo uma atividade de relevância e de desenvolvimento e as pessoas com deficiência precisam dessas oportunidades para ser efetivamente incluída socialmente no nosso país", ressaltou o promotor.

Dia D fomenta mais ainda a inclusão de PCD's ao mercado


Josiane Guimarães - Coordenadora CIIC
Para intermediar e acelerar a contratação de pessoas com deficiência para o mercado de trabalho, foi instituído o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, todo dia 21 de setembro, também conhecido como Dia D. 

Em todos os estados brasileiros houve uma grande ação, onde empresas sinalizaram sua demanda ao Sine e a partir de uma aproximação por meio de entrevista avaliaram os candidatos. É neste momento que muitos contratações são realizados. A ação já acontece pelo terceiro ano consecutivo no Brasil e o segundo ano consecutivo no Pará, que contou com a participação de 28 empresas.

"Nós temos que ver o potencial dessas pessoas, olhar para o curriculum dessa pessoa e não para a deficiência e as empresas tem que estar preparadas para receber estas pessoas. E o DIA D é muito importante para fazer essa inclusão, estamos fazendo a nossa parte. Os PCD's provam a cada dia o potencial de superação deles. Nosso trabalho é esse de sensibilizar as empresas para que elas vejam o profissional e não uma pessoa com deficiência" explica Josiane Guimarães, coordenadora geral do CIIC.

Muitas dessas pessoas que o CIIC atende já vem com uma qualificação profissional, como é o caso do jovem Vitor Almeida, 23 anos, que faz parte do curso de panificação do Senai - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, polo de referência em inclusão que a mais de 60 anos atua no estado.

A programação de eventos do CIIC voltados para o fomento do trabalho formal e informal, termina no dia 05 de outubro com a primeira Feira de Talentos, onde as pessoas com deficiência do setor informal vão apresentar seus trabalhos em diversas áreas como moda, artesanato, culinária e muito mais, no horário de 8h as 12h. O objetivo é gerar renda a essas pessoas do mercado informal.

História de um Campeão

Por: Sonielly Farias
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Melhym Quemel, 51 anos. Consultor de Tecnologia da Informação e acadêmico do Curso de Direito
“Eu me senti como se estivesse saindo de uma caverna, a caverna de quem falara Platão. E vê um mundo que eu não conhecia”. Empolgado e cheio de vida, Melhym Quemel de 51 anos,  faz questão de contar de que forma aprendeu a enxergar o mundo com outros olhos. Agora com o tato mais sensível e a audição mais apurada, o consultor de Tecnologia da Informação mostra que não há limites quando o assunto é superação.

Com o sorriso no rosto e as mãos cheio de medalhas, Quemel conta cada detalhe de suas conquistas. Mas lembra que a trajetória não foi nada fácil quando já na fase adulta se tornou um PCD (Pessoa com Deficiência).  

Em 2002, Quemel perdeu a visão total em um acidente automobilístico no Rio de Janeiro,  lugar onde atuava como empresário no ramo de Tecnologia da Informação e proprietário de um provedor de internet na cidade de Saquarema.

Após várias cirurgias sem sucesso para recuperar a visão, o carioca então decidiu se afastar do agito da “cidade grande”. “Eu ficava muito tempo deitado, ocioso, não fazia quase nada. Eu queria fazer alguma coisa. Como meus pais são paraenses em 2006 desativei minhas atividades no Rio e fui para o município de Tome-Açú no Pará com minha família para ‘espairecer’ e conhecer meus familiares”, confessa.

As superações começaram a ganhar forma na vida do consultor. Após a drástica mudança de vida, Quemel percebeu que ainda conseguia trabalhar prestando consultoria via telefone para alguns clientes. “Em uma semana consegui resolver 80% dos problemas de uma empresa. A partir de então novas oportunidades foram surgindo. No ano de 2008 me mudei com minha família para o município de Bragança onde tinha recebido uma proposta de emprego nessa área de informática”, conta.

                                 

Uma grande oportunidade ainda estava por vir e Quemel não imaginava o universo que o aguardava. Em 2013, um anúncio na televisão sobre um curso de Informática para Cegos no Senai iria alavancar os sonhos do carioca.“Fiquei tão empolgado e já vi que podia fazer alguma coisa. Eu vi que dava para voltar a estudar, me senti um adolescente, Para mim tudo era novidade, ” fala Quemel.

Flora Barbosa, Interlocutora Regional do PSAI (Programa Senai de Ações Inclusivas) explica que esse foi um momento que o Senai de Bragança começou a oferecer cursos adaptáveis aos deficientes visuais o que impulsionou muito a vida de Quemel“Foi logo no ano que implantamos esse programa de Informática para cegos nos computadores. Depois que ele teve contato com o curso, e aprendeu a utilizar o computador e a internet, ninguém segurou mais ele! ”, lembra.

Quemel começou a se utilizar de outros recursos para aprendizagem, transcrição de texto para áudio possibilitou em muito o desenvolvimento para outros programas oferecidos pela informática e a internet. Se orgulha em dizer que a partir desse curso, hoje consegue executar tarefas melhor que muitas pessoas que possuem a visão em perfeito estado. Para ele o progresso só estava a começar.

Em maio de 2014, competiu na etapa estadual para as Olimpíadas do Conhecimento em Belém- Pa. O consultor ganhou 1ª colocação na categoria "Tecnologia da Informação para PCD". O que também  rendeu ao aluno neste mesmo evento o 1ª lugar geral pela maior pontuação obtida sobre todas as 9 ocupações.

Com os altos índices de pontuação e destaque em sua categoria, em setembro de 2014, o aluno foi convidado a ser representante do estado do Pará nas Olimpíadas do Conhecimento em Minas Gerais . Na disputa de nível nacional, conquistou o 5º lugar geral . Para ele os níveis de competição para um PCD são também elevadíssimos, porém o Senai deu toda a estrutura e suporte necessário ao candidato: “O Senai me deu o curso gratuitamente, me deu uma bengala. Pagou alguém para me ensinar a usá-la, me deu uma roupa específica para a competição e me deu treinamento. Enquanto muitas vezes temos que investir para aprender, o Senai que investiu em mim, nunca esperou nada em troca. Pelo contrário a instituição fica feliz em ver o progresso de seus alunos” afirma.



Enquanto conseguia legitimar novas vitórias, Quemel foi desafiado a novas experiências. Ainda este ano (2016) em Workshop promovido pelo Senai, Quemel foi convidado para ser o mestre de cerimônias do evento. Com o notebook ligado a um transcritor de texto, a plateia não imaginava a deficiência visual do apresentador. “Na hora gelei! Mas eu pensei não vou correr do desafio. Vou adaptar o fone a velocidade do leitor de tela. Assim eu fiz fui ouvindo e repetindo. Fiz as congratulações, as apresentações e o evento foi correndo naturalmente.” explica.

Ao final, Flora lembra de como a plateia ficou surpresa ao saber que o mestre de cerimônia era um deficiente visual. “Ao final da apresentação do evento, foi que as pessoas perceberam que ele era cego porque ele confessou. Ninguém tinha percebido e ficou todo mundo de boca aberta. Então as pessoas não imaginam que qualquer pessoa com deficiência tem potencial. E as PCDs tem essa necessidade de estar sempre se superando, eles criam o hábito de se superar.”

Ao longo de quase 15 anos com a deficiência, novas possibilidades se apresentaram na vida do consultor. Em 2015 Melhym iniciou os estudos na faculdade. Hoje é acadêmico no 2º semestre do curso de Direito e representante de turma. O PCD prova a partir de sua vivência que as surpresas da vida não são capazes de impedir os sonhos de qualquer pessoa, basta uma oportunidade e saber agarrá-la. Depois que "saiu da caverna", Quemel está desvendando um mundo que não conhecia, o mundo da superação.



       

Curso de panificação do Senai promove inclusão

Por: Michele Lobo
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Curso de panificação é um dos mais procurados por alunos com Síndrome de  Down 


“A convivência com o Victor mudou a minha forma de encarar as dificuldades, pois quando acho que não sou capaz de fazer algo olho para o Victor e vejo a minha capacidade de superação e penso em nunca desistir, abraçando as chances que tenho”, com essas palavras o professor Otaviano Roma, 38 anos treinado de Victor para as Olimpíadas, revela a importância do projeto na sua vida.

A vida do professor Otaviano com PCD'S iniciou há uns 15 anos, quando teve a oportunidade de fazer um curso de libras em São Paulo, a partir de então, Otaviano sempre quis participar em projetos voltados para inclusão social. Depois de entrar no SENAI pôde realizar o seu sonho. Há três anos ministrou um curso para alunos mudo e surdos, nesse momento conseguiu realizar seu sonho de trabalhar com Pcds.


No final de 2014, Otaviano ministrou um curso de padeiro para alunos com Síndrome de Down, com o total de 10 alunos. Otaviano conta que no final do ano passado surgiu a oportunidade de inscrever alunos com Down para a olimpíada do conhecimento no SENAI. “Procuramos as instituições que tivesse alunos com Síndrome de Down para oferecermos o curso. Iniciamos o curso com dez alunos dessa vez”, lembrou o professor.

"Nesse momento conheci o Vitor, menino alegre e esforçado, com muita força de vontade de aprender e sonhador, e desde então há oito  meses estamos treinamento ele  para a prova prática na área de panificação, que se realizará em Brasília nos dias 10 a 13 de novembro de 2016", contou Otaviano. 

Após conhecer o jovem, através do curso de padeiro do SENAI, em que foram abertas novas oportunidades às instituições com Pessoas com Deficiência, o professor lembra que logo percebeu que jovem sonhador tinha habilidades no curso de panificação.
                                     
Victor e o professor possuem uma relação muito boa. O professor conta que ele o respeita e acata suas orientações. “Ele se distrai um pouco, mas faz parte do desenvolvimento, ele progride bastante. Minha relação com Víctor é muito boa, eu o admiro muito e ele me fez ser uma pessoa melhor, me fez perceber que não precisamos de muito para sermos felizes”, relatou.


Otaviano relata que a oportunidade que o Senai oferece é uma forma de demonstrar na pratica para as indústrias, que pessoas com Down ou quaisquer outras especificidades são capazes de exercer sua cidadania, de serem produtivos e reconhecidos. “Tivemos as olimpíadas no rio que nos deram um tapa na cara, dizendo ‘acordem sou capaz também’. Sou muito grato ao Senai de fazer parte dessa visão futurista dos nossos alunos PCd'S. Como Senaiano, sou muito feliz de fazer parte dessa família”, comemorou.







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Produção, textos e imagens: Daniele Maciel, Michele Lobo, Sonielly Farias e Tábita Oliveira
Edição de vídeo: Sonielly Farias
Infográficos: Tábita Oliveira

Amor da família é fundamental para desenvolvimento de PCD

Por: Michele Lobo
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Victor e a mãe Cleide Almeida
Cleide Almeida, 43 anos, mãe de Victor, descobriu que seu filho tinha Síndrome Down apenas quando nasceu, na época o pré-natal não era comum como hoje “Não conheci a síndrome com este no nome, naquela época era chamado de ‘Mongolóide’, um termo bem pesado, foi um choque quando eu soube, eu era nova com 20 anos, não esperava”, recordou.

Na época, Cleide não sabia o que fazer, mas sabia que acharia a melhor maneira de ser a mãe do jovem talentoso. Ao se informar com assistentes sociais e psicólogas passou a desenvolver seu método de cuidado com Victor, aos poucos foi aprendendo a educá-lo e  a criar maneiras para que ele se desenvolvesse. “Uma das primeiras coisas que lembro que a psicóloga falou foi para não fazer dele um coitadinho, que ele tinha que se desenvolver, que era capaz”, explicou.

Cleide foi percebendo que o conselho da psicóloga era fundamental e desde pequeno incentivou seu filho em estar em constante aprendizado. Desde cedo, Victor é destaque em todos os lugares que frequenta. É educado e comunicativo, além de empenhar-se ao máximo em suas obrigações.

Mãe solteira desde os seis meses de gestação, a jovem se esforçou para criar seu filho da melhor maneira possível, tornou-se autônoma para dar a atenção que ele merecia. “Não é um bicho de sete cabeças, mas quem nunca se envolveu com um PCD se assusta com a ideia no início. Hoje todo mundo ama o Victor e a cada dia nos surpreendemos. Ele é cheio de surpresas”, contou.




Cleide acha seu filho descolado. “Victor sempre tem que fazer piadas das coisas, ele é muito palhaço, é de família. Aprendo muito mais com ele do que ele comigo, ele não tem maldade, não guarda rancor é muito alegre, carinhoso e faz a gente pensar sobre vida. Eu aprendi a ser forte, era praticamente uma adolescente quando meu filho nasceu”, comemorou Cleide.

Para Cleide, a participação de Victor nas Olímpiadas é um orgulho. “Ele demonstra bastante interesse com este curso, na verdade, tudo que eu coloco ele quer se envolver. Ele mergulha", orgulhou-se.

Victor sempre pediu um pai à mãe, o Senai contribuiu com isso. Em um curso de Corte e Costura, Cleide conheceu Eduardo Alves, 41 anos. Há quase um ano os dois estão juntos e sonhando os sonhos de Victor. “A Cleide e o Victor me ajudaram a encontrar o chão. Hoje quando perguntam a ele quem eu sou, ele diz que sou seu pai Edu e eu me considero pai dele. Faço de tudo para que ele tenha um crescimento como pessoa”, relatou Eduardo.




Eduardo também se tornou autônomo, ele que leva e busca o filho ao Senai e em outras atividades quando a mãe não pode. “É complicado uma  pessoa que possui um trabalho regular cuidar de um PCD, gosto da nossa rotina. Victor sempre causa uma boa impressão nas pessoas. É educado, extrovertido, comunicativo. Ele tem tudo para ser alguém na vida, como ele fala. É um orgulho saber que o nosso filho vai representar o Pará nas Olimpíadas do Conhecimento em Brasília”, orgulhou-se. 

"O Victor é um vencedor. Ele tem problema de audição, ele tem problema na vista, mas mesmo assim ele passa o dia lendo, ele se esforça para conhecer coisas novas, adora vim fazer o curso do Senai e está determinado para a Olimpíada do Conhecimento. Espero que ele faça um bom trabalho e quem sabe, no futuro próximo nós possamos abrir a Padaria 'Pão do Victor' para alegrar ele e os clientes que vão comer o pão feito por ele", completou Eduardo.
                                       
                                 







quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Panificação cresce no Pará e gera mais empregos

Por: Tábita Oliveira
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Belém sediou o 69° Convenção Nacional da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria 
O Brasil está passando por uma crise econômica que vem atingindo todos os setores da economia, mas o impacto no setor de panificação é menor  em alguns lugares como o Pará, os resultados são bem satisfatórios por conta dos hábitos do consumidor paraense. 

De acordo com o "Estudo de Tendências: Perspectivas para a Panificação e Confeitaria 2009/2017", realizado por meio do convênio entre o Sebrae Nacional e a Associação Brasileira de Panificação e Confeitaria (Abip), que avaliou os hábitos dos consumidores, Belém, é a cidade que mais prefere comprar pão em padarias, com 97,2% comparado ao consumo das principais capitais do país.


O mercado de panificação tem um diferencial diante dos outros setores, que é o fácil acesso as pessoas que buscam o primeiro emprego ou queiram empreender num negócio próprio. E assim torna-se também muito favorável a inclusão de pessoas com deficiência ao mercado, a partir da panificação.

"Hoje existem 2 mil panificadoras no estado, sendo 800 em Belém e que geram aproximadamente 40 mil empregos formais e informais" relata Elias Pedrosa, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Pará (Sindipan).

Este setor é tão constante e promissor que durante a 69º Convenção Nacional da Associação Brasileira da Indústria de Panificação (ABIP) e Confeitaria em parceria com o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Pará (Sindipan), realizada no último dia 23 de setembro, em Belém, foi apresentado aos empresários e padeiros paraenses o Plano Estratégico, que vai avaliar e orientar na qualidade do pão francês para manter o crescimento do setor. Além de acompanhar os cases de sucesso, por meio do empreendedorismo.

O Plano Estratégico foi implantado em 2013 e vem sendo divulgado pelo Brasil, com a meta de fazer uma prospecção do futuro, ou seja, para um período de 10 anos, onde será preciso trabalhar de forma unificada para identificar tendências a partir dos novos hábitos do consumidor e estabelecer um crescimento constante do setor.


A estimativa é que em 2023 o mercado brasileiro de panificação e confeitaria apresente quatro principais tipos de padarias: Goumert ; Mini padarias ; Padarias comércio e a boulangeries ou boutiques de pão . 

José Batista, Presidented da Abip elogia atuação do Pará
Segundo José Batista de Oliveira, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), o Pará vem se desenvolvendo bem e ressalta que isto se deve a atuação do SINDIPAN. T

Também durante a Convenção, foi o Plano Nacional de Panificação que vai revelar os dados reais do setor de panificação identificado primeiro por estado e depois por região, tanto no que diz respeito aos hábitos de consumo e geração de emprego.

Presidente do Sindipan-Pa
comemora  desempenho do
Senai no desenvolvimento de cursos
No Pará, o Senai - Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial oferece um curso de panificação e gratuito, que cada vez mais qualifica a mão-de-obra do setor."O curso do Senai está disponível não só para uma pessoa que já possui uma profissão, mas também para uma dona de casa que queira aprender algo novo. E a gente, como sindicato, sempre interage como Senai informando as novidades do setor, principalmente sobre os novos equipamentos", comenta Elias Pedrosa, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Pará (Sindipan).

O presidente comemora o desempenho do Senai, em fazer ótimo um trabalho, em que tem trabalho gratuito."Têm cursos que são pagos e têm cursos com uma cota de gratuidade e isso é feito pelo Senai, em que não só uma pessoa que já possui uma profissão, mas uma dona de casa que queira aprender a fazer algo. Existe essa integração do Senai. A gente como sindicato sempre coloca para o SENAI as novidade que tem, em termos de equipamento, porque é importante que lá no SENAI tenhamos os equipamentos modernos e que possam ajudar nessa mão de obra que a gente precisa. Com a reformulação  da nova Unidade de Alimentos, que vai atender essa demanda de Panificação e muito melhor para quem quiser fazer os cursos no SENAI", comemorou.

"Com três horas de aulas por dia, os alunos aprendem a utilizar e manusear os equipamentos encontrados em uma padaria, bem como reconhecer os elementos utilizados nas etapas da panificação e confeitaria. '60% dos alunos que participam do curso já trabalham na área e outros 20% já estão montando o próprio negócio. O restante dos alunos já deve sair com algo em vista, pois no curso eles também fazem uma sondagem no mercado de trabalho", esclarece Otaviano Roma, professor do Curso de Panificação do Senai.





quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Síndrome de Down

Por: Daniele Maciel
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É no ventre materno que o amor entre mãe e filho é cultivado. O afeto incondicional alimentado durante os nove meses de gestação supera os enjoos, a transformação no corpo, os quilinhos a mais e a notícia de conceber um filho com síndrome de Down. Ver o filho crescer com saúde é o sonho de todas as mães, e não é diferente para as mães de filhos com síndrome de Down. O acompanhamento médico é de fundamental importância para proporcionar qualidade de vida para um Down.
Fonte: Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down

A Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (Fbasd) aponta que para cada 700 crianças nascidas vivas, uma tem síndrome de Down. A síndrome é uma condição humana da não disjunção cromossômica do cromossomo 21, o que caracteriza a Trissomia 21. Dos recursos utilizados para o diagnóstico da síndrome estão os exames de risco fetal e o cariótipo, que demostram a probabilidade e a certeza da alteração cromossômica, respectivamente. Cardiopatia, hipotireoidismo, instabilidade na coluna, problemas oftalmológicos e otorrinolaringológicos são comuns em virtude da condição genética.

A pediatra e especialista em doenças genéticas, Isabel Neves, dos 33 anos de carreira, três décadas foram dedicadas aos cuidados das pessoas com Síndrome de Down. No início da carreira profissional a expectativa de vida para eles era de 33 anos. Segundo ela, o crescimento da sobrevida se deu pela melhoria da atenção. “No nosso país a gente tem observado que a sobrevida tem realmente aumentado, porque a atenção a essas pessoas melhorou. Uma das coisas que mais contribuíram pra essa redução da sobrevida da pessoa com Síndrome de Down era justamente, as cardiopatias congênitas. Como hoje a atenção as pessoas que nascem com uma cardiopatia que precisa de uma intervenção cirúrgica melhor, isso impactou na sobrevida aumentada”, disse.

A atenção médica para muitos inicia nos primeiro meses de vida. De acordo com a doutora, a maioria dos pais chegam no consultório ansioso, em busca de oferecer o que há de melhor para o filho com down. Há, ainda, pais que demoram a buscar o primeiro atendimento médico. “No primeiro momento choca, mas por outro lado eu acho muito legal. Foi o momento que essa família sentiu necessidade de vir e consegui chegar, e eu fico feliz. A gente acolhe da melhor maneira possível essa família”, ressaltou. O acompanhamento médico das pessoas com síndrome de down requer uma equipe multidisciplinar com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psiquiatras, entre outros especialistas.

Entre os desejos que a doutora teve a oportunidade testemunhar foram os de mulheres com o sonho de ser mãe de filhos com Síndrome de Down. Sonho que para umas não foi possível, mas outras têm a responsabilidade de exercer o papel de ser mãe de um filho com down. “Eu vejo hoje pais menos acomodados, pais saindo de casa para todos os ambientes sociais possíveis, então vão aos cinemas, as praças, aos parques, as lanchonetes, e isso contribui na vida da pessoa com a síndrome. As pessoas percebem que apesar da deficiência, apesar das limitações, elas merecem viver socialmente”, declarou.