sábado, 29 de outubro de 2016

A ciência de Paulo Tavares

Na produção de joias do Pará, Paulo é um grande nome. A mídia nacional sempre o procura. São 15 anos de pesquisa com gemas orgânicas. Um diferencial para as joias paraenses. Ele utiliza vegetais que seriam descartados e transforma em pigmentações, que em seguida é transformado em pedras.  Um verdadeiro cientista, conhecimento que transforma. 

Paulo Tavares é um idealista. Pensa na sustentabilidade. Nascido em Ponta de Pedras, teve um contato especial com a natureza. “Vivia como índio”, conta. Conversando com ele, se tira uma aula de conhecimento. É um pesquisador, um cientista. Entende de Química Orgânica, Botânica, Arqueologia, Biologia. 

Já encantada com tanto conhecimento ele mesmo pergunta. “Você vai perguntar sobre meu grau de escolaridade, não é? Todos que me entrevistam perguntam. Não tenho grau de escolaridade, estudei apenas dois anos em escola de interior”, confessou. Naquela época, no interior, a escolaridade era apenas para o voto, bastava saber escrever o nome. Sua primeira profissão foi de ourives. Geralmente não são profissionais que se dediquem ao estudo. “Todo conhecimento que tenho é do que corro atrás”, explica.
Na produção de joias do Pará, Paulo é um grande nome. A mídia nacional sempre o procura. São 15 anos de pesquisa com gemas orgânicas. Um diferencial para as joias paraenses. Ele utiliza vegetais que seriam descartados e transforma em pigmentações, que em seguida é transformado em pedras. 

“Daqui a algum tempo a maioria das gemas minerais vão acabar, não são renováveis, penso nisso, no futuro”, ressaltou, Paulo. Açaí, pimenta, jambú, urucum, mandioca, pau-brasil, pupunha, etc. Dão origem a pedras de diversas cores, que se semelha com as originais e o melhor, são renováveis.

Além da admiração pelas cores regionais, preza pelo reflorestamento e reaproveitamento de materiais orgânicos “Eu não desmato, não retiro da natureza, reaproveito, planto mudas, faço o que gosto. Se trabalhasse em um escritório de paletó, acho que nem estaria vivo” brinca.

Sua vida é dedicada à natureza. As gemas não estão voltadas ao setor comercial. Paulo também colhe materiais recicláveis, não tem vergonha do que faz. Não possui renda fixa, vive de consultoria, dos cursos que promove no Polo Joalheiro para todas as áreas de produção das biojoias. “Vendemos para os designs, mas não em escala produtiva, gasto mais com as pesquisas do que ganho,” garantiu.. Paulo vai continuar com seu sonho, de tornar o mundo mais agradável com a natureza. Deixou uma lição para nós, que apenas falamos de sustentabilidade, mas não praticamos.

O olhar de Leila Salame

Leila executa uma profissão rara no mercado paraense, os materiais de manuseio são caros, não vendem no Pará. O lapidário trabalha com gemas orgânicas minerais, conhecida popularmente por pedras preciosas. A pedra bruta é transformada em diversas formas e tamanhos para dar brilho nos cordões, anéis, pulseiras, braceletes e brincos. 

A vida de quem depende exclusivamente das vendas não é fácil. Requer dedicação, paciência, contar com a competência de seu trabalho, experiência e muitas vezes com a sorte na economia. “Menina, com essa crise os negócios vão mal, tenho que pagar fornecedores, vou ter que fazer uma promoção para conseguir vender e pagar as dívidas”. A preocupação é de Leila Salame, lapidária desde 1992. Ela estava apreensiva, pois tem uma filha pra sustentar, e é mãe solteira.

Leila executa uma profissão rara no mercado paraense, os materiais de manuseio são caros, não vendem no Pará. O lapidário trabalha com gemas orgânicas minerais, conhecida popularmente por pedras preciosas. A pedra bruta é transformada em diversas formas e tamanhos para dar brilho nos cordões, anéis, pulseiras, braceletes e brincos. 

O trabalho de Leila é uma tarefa minuciosa, tem pedras minúsculas, mas bem trabalhadas. São várias etapas até o produto final, precisa das medidas certas. Leila conta que se errar com a mão tem que polir e refazer tudo de novo. “Tenho que me concentrar para lapidar uma pedra, se não perco material”, conta.

Mesmo com a correria, a lapidária conseguiu um trabalho de destaque na lapidação de gemas orgânicas. Seu principal diferencial na lapidação nacional são os traços marajoaras que caracteriza a região e embeleza uma joia. 

“Eu tenho muitas ideias para o design criativo, mas uma lapidação comum já é bem trabalhosa. Não tenho tempo pra fazer criações, testes. Tenho que pensar na produção, é meu sustento”, revela. Apesar disso, a lapidação é uma paixão para ela. Ama os materiais que utiliza, conhece detalhadamente cada um", explicou.

Como Leila é conhecida no mercado, a maiorias dos fornecedores lhe procuram para vender os minerais. Ela já tem um estoque, que facilita seu trabalho. Assim, quando aparecem as demandas, as pedras já estão disponíveis, pois nem sempre se consegue a pedra desejada. A lapidária não deixa de tocar em um assunto importante, que é a dificuldades de adquirir a matéria prima.

 “O Pará é muito rico, tem quase todos os tipos de gemas minerais, porém a exportação para o exterior é pesada. Exportam toneladas e nós ficamos com quase nada, temos dificuldades nisso”, lamenta. Ainda assim, relatando suas dificuldades Leila não pensa em outra profissão. “Se as pessoas não gostassem do meu trabalho não teria motivo pra gostar, faço com dedicação para que as pessoas gostem também”, concluiu.

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